quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Natal?

Fui a contemplada para ser a única portuguesa a trabalhar na véspera de natal, e para sair a meia noite apenas.
Todos os colegas que estavam a trabalhar não festejam o natal por motivos religiosos por isso todos me perguntavam: não és cristã? Não devias estar a celebrar o natal?
Pois mas eu não tive escolha, e não contrário deles não fui eu que me voluntariei para trabalhar na véspera de natal. Mesmo não acreditando ou tendo significado todos me desejavam feliz natal, foi muito bonito ver que apesar de tudo, as pessoas respeitam e aceitam a forma de viver dos outros.
Estava muito ansiosa por chegar a casa pois a festa dos portugueses foi aqui e eu sabia que quando chegasse haveria prendas e espírito natalício, como em casa. Mas como tudo me corre trocado, a minha boleia para casa tardou, por estar a comemorar o seu próprio natal e eu cheguei a casa perto das duas da manhã.
Já não havia nem pessoas, nem lareira acesa, nem espírito natalício. Apenas uma casa para arrumar e o restos de uma festa que costumava ser a minha altura do ano favorita.
O meu colega de casa ouviu me entrar, chamou-me para um abraço de feliz natal e depois deixei-o descansar pois todos entravam muito cedo hoje no trabalho.
Aí sim a tristeza invadiu me, a ansiedade de chegar a casa não era a esta. Mas sim a minha casa em Portugal onde a minha família estaria a volta da mesa com as rabanadas e o bacalhau da minha avó.
Quis tanto chegar a casa, pensando que seria esta, mas a casa que eu quero realmente chegar está apenas no meu coração e na minha cabeça.
O natal não teve o mesmo sabor, nem para mim nem para quem ficou em casa a sentir a minha falta. Acho que acabei de perder o gosto à minha altura do ano favorita.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Relações dos portugueses

Este era um tema que sinceramente andava a evitar falar aqui. Não só pelo seu constante estado em mudança mas também porque é dos temas que mais me custa em estar aqui.
Todo o meu grupo chegou com situações bem resolvidas para a Noruega. Alguns acabaram relações para se integrarem por completo no projecto, outros fugiram de relações para aqui, outros (tal como eu) decidiram não desacreditar no amor e continuar a relações a distância e claro: os solteiros.
O que é certo, e apenas um mês depois de aqui estarmos percebemos que as coisas são mesmo difíceis, e nem sempre conseguimos fazer quem está desse lado do mundo satisfazer toda a curiosidade pois nem nos mesmos sabemos responder a tanta coisa a acontecer neste momento na nossa vida.
A vida da muitas voltas e no grupo já há alguns casalinhos, alguns casais exteriores já terminaram relações e quem as mantem pensa e repensa nelas. Mais uma vez, isto é totalmente a casa dos segredos e as coisas vivem-se muito mais intensamente. Não temos aqui ninguém, apenas uns aos outros, se até tivermos essa sorte, e deixamos-nos levar por que 'um carinho ás vezes cai bem'.
O segredo é ser forte e não deixar que 2000 km's de distância afectem o que verdadeiramente sentimos por quem deixamos em casa.

domingo, 15 de dezembro de 2013

Colegas de casa

Somos 4 aqui em casa. E o horário deles é todo igual  e eu sou a única excluída. Estive a dormir na mesma casa que eles sem os ver 3 dias. Parece estranho mas é verdade. Quando eu me levantava eles dormiam e quando eu me deitava eles chegavam.
Ao terceiro dia pensei mesmo: estou praticamente a viver sozinha e não gosto. Não me sinto mal mas sinto falta da companhia deles. Por alguma razão escolhi viver com mais três pessoas e não sozinha, aqui e muito fácil deixarmos nos levar pela solidão. A falta de luz, a língua, e o pouco calor humano e o frio tornam a solidão algo porque se te obrigatoriamente de passar e eu recuso-me!
Ontem, mais uma vez ao levantar me com eles deitados, tinha um bilhete na casa de banho: bom dia e bom trabalho! E foi tão giro! Sorri imenso e pensei que é assim que os laços se começam a criar, com piadas, e bilhetes. E soube me tão bem começar a deixar de viver numa casa dos segredos (eu chama lhe assim porque não nos conhecemos uns aos outros de lado nenhum) para começar a viver com amigos. O processo e gradual, natural e agradável.

Um mês de Noruega

E assim se passou um mês, tão rápido numas coisas e tão lento noutras. Para todos nós que estamos a viver esta experiência o tempo tem outro sabor. 1 mês em dias sabe a anos em aventura, meses em experiência e horas desde que deixamos os nossos em casa, no trabalho ou na despedida do aeroporto.
Sinto que cheguei ontem, mas tenho saudades de como quem já partiu a tanto tempo...

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Chegou o dia

Eu já sabia que mais tarde ou mais cedo isto ia acontecer! Chegou o dia em que me foram ensinados palavrões em norueguês!
Hoje como trabalhei com noruegueses, paquistaneses, suecos e curdos a língua oficial era o norueguês. E eu nada, tudo me passava ao lado, estava contastemente a pedir traduções do que me parecia mais pertinente aos colegas. Até me começarem a perguntar de onde era e perceberam que me podiam usar como divertimento devido ao meu conhecimento praticamente nulo da língua.
Então a brincadeira da manhã foi andar-me a fazer piscinas a trocar insultos entre uns e outros. E eles riam perdidos! Já não sei se dos insultos em si ou se da minha pavorosa pronunciação da língua.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O céu cá do sítio

Desde que cheguei que me impressionou bastante o facto de nesta terra não se conseguir uma estimativa da horas através do sol, ou do céu. O sol não se tem mostrado nos últimos dias, e lembro me da primeira semana em que cheguei, onde o sol já estava praticamente a pôr-se e nos dizíamos: "como e possível!? ainda não fiz nada hoje!" É claro que não tínhamos feito nada... Esse céu meio estranho adivinhava quase as duas da tarde.
Há já alguns dias que as 16h00 já esta noite cerrada, escura como o breu e nós acabamos por nos acostumar, as horas começam a fazer mais sentido agora que o jet lag desapareceu e já jantamos por volta das 19h00, como é comum na Noruega (ou mais cedo vá).
Ontem, por voltas das duas da manhã, acordei. Era uma luz que me acordava e que vinha da janela do quarto. Aqui como cortinados são rarissimos, a luz que me acordava directamente da janela vinha do céu, que o iluminava por completo e o tornava cor de laranja! Luz intensa o suficiente para me acordar.
Chamei pelo nome de uma das minhas colegas de casa, que se encontrava na cozinha e perguntei em pânico, já com o coração a prever que algo de terrível se passava neste país e que só eu tinha notado:
- O céu está laranja! Esta tudo iluminado! Esta tudo bem? Ainda é de noite não é? Que se passa?
 E ela muito pacientemente, mas com vontade de ser se escangalhar a rir, explicou-me que tal fenômeno alienígena para a minha cabeça se devia ao aglomerado de luz em excesso da cidade e também pelo factor reflector da neve.
Então voltei a deitar-me mas desta vez a observar o céu, desconfiada mas absolutamente surpreendida por aquele fenômeno magnífico.
E esta começa a ser a minha Noruega, onde depois de almoço, a noite teima em impor-se de forma avassaladora, e quando as pessoas estão a dormir o céu permite às pessoas que sofrem de insônias, maravilharem-se com este lindo espetáculo.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Oslo

Hoje aproveitei a folga e fui com alguns colegas visitar Oslo pela primeira vez. Posso dizer que do pouco que vi, que adorei! Uma cidade cosmopolita, cheia de movimento, mesmo como eu gosto. Aquelas ruas cheias de lojas lembraram-se as lojas da baixa chiado. Ruas completamente enfeitadas por decorações natalícias! E senti me integrar com as minhas botas da neve e o meu chocolate quente na mão, tal como eles se costumam movimentar.
Aqui a neve chegou para ficar, e as minhas botas de neve estão total e completamente aprovadas!
Andar na neve requer algum exercício físico pois a neve e fofa e faz com que nos afundemos a cada passada o que transforma um trajecto de 5 minutos em quase 10. Daqui a uns meses as minhas pernas estarão lindíssimas para o verão!

domingo, 8 de dezembro de 2013

Festa rija

Ontem, para inaugurar a nossa casa fizemos uma festa cá em casa. A festa foi extraordinária! Devido as rígidas regras implementadas pelo governo para a compra do álcool este assunto foi logo o que teve prioridade em relação até a escolha do que se comprar para jantar.
Jantamos, bebeu-se, dançou-se e até tivemos direito a um after party.
A festa foi divertidissima pois toda a gente esqueceu o lado profissional e frio e manter neste pais e deixou-se levar pelo grupo!
Ninguém fez nada do qual se precise de arrepender hoje mas confesso que por se a única que não consumiu nada, andei um bocado a fazer de mãe do pessoal (a mais nova do grupo). Confesso que adorei, e aproveitei mesmo ao máximo pois nunca se sabe quando podemos a voltar a estar todos juntos devido aos incompatíveis horários de trabalho.
Hoje, acordei aqui em casa como sendo a única pessoa sóbria e tive o presente de ver nevar. Aliás, ainda não parou. Agora as idas para o trabalho vão ser a doer.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Coisas que o noruegueses não conhecem (mas deviam)

Salsichas: para eles, mentira! As salsichas deles parecem a tripa inteira do porco, são gigantes, e isso agonia-me.
Esfregonas: eles ensopam a mopa e vá de esfregar o chão.
Vassouras: existem vassouras aqui sim, mas para o tamanho de uma criança de cinco anos.
Gestos de educação e cordialidade (segurar a porta para a pessoa de trás passar, os cavalheiros deixarem as senhoras ter prioridade...): nenhum norueguês o faz, e por isso, que como eles costumam dizer: são os homens que lavam as suas próprias meias. Dão encontrões no comboio, fazem se até cair uns aos outros e ninguém para, a vida continua.  A palavra 'desculpe' só serve mesmo para pedir alguma coisa a alguém do interesse deles.
Lavandarias públicas : alguém diga a esta gente há quem precise de levar roupa e não se pode dar ao luxo de comparar uma máquina de lavar para a sua casa alugada.

A rotina esta a chegar.

E que bem que isso me soa. Ter a nossa casa, o meu trabalho, ser independente mas poder chegar a casa e poder falar com alguém que esteja por a nossa kitchnet.
Nunca a palavra rotina me soou tão bem...

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Sorrisos

O povo norueguês não e muito dado a sorrisos.
No supermercado observam-nos bastante não só por causa da língua esquisita que ouvem, pela aparência e também devido ao barulho mais acentuado que fazemos. Ah sim, porque norueguês que se preze não se ouve! Não fazem barulho com nada, nadinha, até faz impressão.
Voltando ao supermercado, por nos observarem tanto e normal que os nossos olhares se cruzem e que ao olharmos os olhos directamente de outra pessoa, o instinto e sorrir. Aqui não, o instinto e baixar a cabeça.
Ainda não me partilharam um único sorriso, só estrangeiros. Sentimos logo uma ligação.
Um norueguês explicou me que até para conquistar um sorriso de um norueguês e preciso confiança, possivelmente as próximas vezes que me dirigir ao mesmo supermercado e vir as mesmas pessoas, o sorriso começará a surgir.
O meu truque agora e sorrir e baixar a cabeça, assim já não me sinto mal com a reação.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Pais do natal

Este o pais mais natalício que alguma vez vi.  Natal para eles, desde o último dia de novembro que eles decoram tudo ao máximo e com o maior gosto possível.
Tudo e natal e escrevem bom natal em todo o lado, inclusive até mudam os pacotes de leite para poderem desejar 'god jule' aos compradores.
Este e o primeiro natal longe da família, pode ser que tanto espírito natalício me ajude a ultrapassar o dia.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Nesta casa não entram superstições

Pedi ao pessoal para não deixarem dinheiro em cima da mesa, que não deve trazer grande sorte aqui para casa.
Esta malta não acredita em azares. Esta experiência e tão inacreditavelmente boa que este pessoal já não acredita em gatos pretos, varrer os pés e cruzar coisas a mesa. O azar não entra nesta casa!

O maior obstáculo: snakke norsk

O norueguês e um pesadelo para qualquer nativo de língua latina. Ainda mais desafiante, para quem nunca teve um curso básico de alemão como e o meu caso.
Sendo o meu trabalho de contacto directo com o público já experiênciei todo o tipo de reações ao facto de eu não falar ainda o mínimo de norueguês. Tal como em tudo da vida houve quem se me desejasse boa sorte e força e quem me perguntasse quem raio me tinha posto a trabalhar neste pais sem saber falar a língua oficial.
Se os noruegueses sabem falar inglês, escondem no muito bem. Evitam, recusam e até se fazem de parvos. Segundo um norueguês, isto acontece pela simples razão dos noruegueses serem um povo reservado e tímido. Têm vergonha de se expressar em inglês, e as tantas já não sei quem faz mais figura de parvo: se eu por continuar a tentar e desfazer em línguas para me expressar e acompanhar o ritmo, ou se eles, por se quererem tanto fazerdes e parvos que acabam por passar mesmo por estúpidos.
Não era este país que se gabava de ter inglês implementando na escola como disciplina obrigatória desde os anos 60? Está na hora povo, toca a facilitar a vida dos emigras.
No dia que conseguir passar um dia inteiro sem usar uma única frase inglês para me conseguir desenrascar em norueguês, passo a ser a minha própria heroína!

Acordar em nossa casa (finalmente)

Assim que cheguei ontem aqui a casa senti exactamente o mesmo sentimento de quando cheguei a Noruega a primeira vez para a casa dos colegas: um batalhão de sentimentos composto por melancolia, tristeza, confusão e até frustração. E mais uma vez, como me aconteceu nas primeiras três noites, demorei a adormecer, estranhando a minha nova companhia de quarto e mesmo o quarto em si.
Quando acordei, percebi que a rotina e algo que se instala mais rapidamente do que qualquer plano bem esquematizado e ninguém se atropelou na única WC da casa - para três raparigas e um rapaz - e apesar de termos sentido que não tivemos muito tempo disponível tudo correu bem?
Mal se instalem os horários rotativos creio que os turnos para a wc deixaram de ser um problema.
Amanhã será um novo dia, esperado com direito a abençoadas chaves de casa para todos.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Serei capaz de sobreviver 6 meses na Noruega?

Esta e a derradeira missão. O meu instinto diz me que se for capaz de sobreviver 6 meses aqui, aguento me o tempo que for preciso. Na pior das hipóteses volto para casa.
Aguentarei este inverno super rigoroso?
Serei o que esperam como profissional?
E a distância da família, amigos e namorado?
Não há de ser nada!

A frase que mais acompanha o meu estado de espírito

"A nossa vida começa onde termina a nossa zona de conforto."

15 dias completos na Noruega

Faz hoje precisamente 15 dias que cheguei a Noruega.
Pela primeira vez entrei na nossa casa oficial. As mudanças retiraram me todas a energias que tinha deixado acumular para este dia. Queria trazer tudo da casa dos ex colegas ainda hoje para aproveitar a luz do sol e o facto de não estar a nevar.
Abdicando de uma "festa de boas vindas" dos nuestros hermanos para fazer estas mudanças, mas para a próxima não falto. Já que dizem ser tão difícil criar amizades com os escandinavos vou tentando os povos mais ibéricos.
Por fim devo acrescentar que este foram os quinze dias mais desafiantes da minha vida. Em quinze dias deixei um trabalho que gostava, um namorado, uma casa, uma família, amigos e uma vida pensada o suficiente para ser feliz.
Nestes quinze dias já chorei, já me perdi no comboio, já vi filmes, já me vi perdida de riso, já cozinhei sozinha e já conheci as pessoas mais opostas de mim que eu podia imaginar.
Em quinze dias já trabalhei, aprendi imenso de uma língua nova, já conheci mais pessoas do que na minha vida inteira, já estudei, já me legalizei e já tenho dívidas.
Sou oficialmente uma emigrante.

Estritamente pessoal

Comunico desde já e em avançado que toda e qualquer informação aqui expressa, terá um conteúdo estritamente pessoal e sem qualquer intenção de fazer de jornal da região ou coisa que o valha.
Informações, piadas e opiniões são com o que podem contar por estas bandas.